Setembro é o mês em que todo o Brasil se mobiliza para esclarecer e incentivar a população pela doação de órgãos. A campanha Setembro Verde tem o apoio incondicional do Hospital de Urgências da Região Sudoeste (HURSO). A Unidade é uma das principais no sistema público de saúde de Goiás a realizar este tipo de operação.
O HURSO conta com uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos Tecidos e Transplantes (CIHDOTT) que é parceira da Central Nacional de Transplantes. A Unidade está apta a realizar a abertura do protocolo de Morte Encefálica e Captação de Órgãos. Este procedimento é feito com dois exames clínicos e um exame complementar de imagem (eletroencefalograma), abertura de dez protocolos e entrevistas com os familiares.
Apenas nos primeiros seis meses de 2019, o HURSO já realizou três captações de múltiplos órgãos, sendo um coração, um fígado, seis córneas, seis rins e um pâncreas.
Goiás em dados
Além do HURSO, em Goiás, 30 hospitais estão aptos a realizar a captação de órgãos. Nos primeiros seis meses deste ano, houve 217 notificações de pacientes com morte encefálica aptos a doarem seus órgãos e apenas 39 doações efetivadas. O baixo índice de doações é causado, principalmente, pela posição negativa dos familiares (75 casos), seguido por contraindicação clínica (54 casos) e pelo diagnóstico não confirmado de morte encefálica (25 casos). Os dados são da Central Estadual de Transplantes de Goiás.
A partir disso, o foco do trabalho dos agentes de saúde está em esclarecer aos parentes das vítimas acerca da segurança para o paciente e da importância em aceitar a retirada de órgãos da vítima. Entre os órgãos captados, os rins representam mais de 70% do total, com 83 unidades. O fígado vem em segundo lugar, com 22 captações, seguido do coração, com seis captações, e do pâncreas, com duas captações.
A captação de córneas é maior do que os demais órgãos. Foram 59 captações nos primeiros seis meses do ano. Ao contrário do que acontece com a espera por transplante de outros órgãos, o Brasil tem conseguido reduzir a fila de espera por transplante de córneas, com 148 casos de aumento na demanda e 378 transplantes realizados.
A campanha Setembro Verde surgiu para ampliar a visibilidade do Dia Nacional de Doação de Órgãos, cuja data é 27 de setembro.
Tire suas dúvidas
O que preciso fazer para ser doador de órgãos?
Para ser doador, no Brasil, você não precisa deixar nada por escrito, em nenhum documento. Muitas pessoas acham que é preciso registrar a opção de doador de órgãos em qualquer documento pessoal, mas isso não é mais necessário. Basta você conversar com sua família sobre seu desejo de ser doador. A doação de órgãos só acontecerá após a autorização da família.
Quais os tipos de doadores que existem?
Doador vivo: Qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, desde que não prejudique sua própria saúde e seja compatível com a pessoa que vai receber o órgão. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão.
Pela Lei, parentes até quarto grau (pais, filhos, irmãos, avós, netos, tios e primos), além dos cônjuges, podem ser doadores em vida. Para os não parentes, somente com autorização judicial.
Doador falecido: São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano graves ou AVC (derrame cerebral) extenso.
Podem doar órgãos e tecidos, com autorização de parente até 2º grau, sendo grande o número de doadores em morte encefálica cujas doações não acontecem e, consequentemente, muitas pessoas deixam de ser contempladas com tão importante procedimento.
Quais os órgãos e tecidos que podem ser obtidos de um doador falecido?
Órgãos: Coração, pulmões, fígado,
pâncreas, intestino e rins.
Tecidos: Córneas, vasos sanguíneos, ossos, tendões, pele, medula óssea e
válvulas cardíacas.
Portanto, um único doador pode salvar ou melhorar muitas vidas. A retirada dos órgãos e tecidos se realiza em centro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia.
Para quem vão os órgãos?
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em fila única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Quem irá recebê-los depende de diversos fatores, tais como compatibilidade, idade, doenças associadas, maior ou menor urgência, conforme avaliação da equipe cirúrgica e sempre com o conhecimento do receptor.
Posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?
Sim. O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar, que é interpretado por um médico. Não existe dúvida quanto ao diagnóstico.
Após a doação o corpo do doador fica deformado?
Não. O processo de retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, restando apenas a incisão. O doador poderá ser velado normalmente.